Senhor, sois um Deus clemente e compassivo.
A versão PDF da Folha Paroquial de SJBaptista pode ser descarregada aqui e a versão de impressão pode ser descarregada aqui.
A versão de impressão da Folha Paroquial de SJosé pode ser descarregada aqui.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Ouvistes que foi dito aos antigos: ‘Olho por olho e dente por dente’. Eu, porém, digo-vos: Não resistais ao homem mau. Mas se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda. Se alguém quiser levar-te ao tribunal, para ficar com a tua túnica, deixa-lhe também o manto. Se alguém te obrigar a acompanhá-lo durante uma milha, acompanha-o durante duas. Dá a quem te pedir e não voltes as costas a quem te pede emprestado. Ouvistes que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo’. Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem, para serdes filhos do vosso Pai que está nos Céus; pois Ele faz nascer o sol sobre bons e maus e chover sobre justos e injustos. Se amardes aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem a mesma coisa os publicanos? E se saudardes apenas os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não o fazem também os pagãos? Portanto, sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito».
EVANGELHO ( Mt 5, 38-48 )
A santidade é o caminho da Igreja
Não conseguimos ouvir as palavras de Jesus tão cheias de luz e de beleza, sem um estremecimento interior depois de uma semana que foi um autêntico terramoto perante as notícias que vieram a público e cujas revelações nos deixaram sem respiração. Neste contexto tão diabólico e escuro onde desaparece toda a beleza, ganha uma dimensão gritante o apelo de Deus dirigido a toda a Igreja, na primeira leitura deste Domingo: «Sede santos, porque Eu o Senhor, vosso Deus, sou santo», ou ainda no Evangelho: «sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito».
Vem-me à mente um salmo bíblico, tantas vezes rezado na Liturgia das Horas: «Ah, se o meu povo me escutasse, se Israel seguisse os meus caminhos! Alimentá-lo-ia, saciá-lo-ia com o mel dos rochedos, esmagaria os seus inimigos: Mas Israel não ouviu a minha voz, não me quis obedecer. Por isso os entreguei à dureza dos seus corações, e eles seguiram os seus caprichos» (Salmo 80).
Quando não seguimos o Senhor, obedecendo à sua Palavra, ficamos entregues a nós mesmos e à nossa natureza ferida pelo pecado.
Os abusos sexuais com esta dimensão são algo sangrento, mau demais, diabólico, sem nome. Mas seria purificador se este choque que nos causa, este arrepio diante do mal, nos fizesse sentir de uma forma gritante a urgência do arrependimento e da conversão que leva a uma vida de santidade. Claro que não podemos julgar a floresta por algumas árvores podres que a conspurcam. Não é a igreja que é abusadora de menores nem são os padres. Foram alguns que, ao longo de mutos anos, perderam o sentido do bem do mal, do justo e do injusto, do correto e do execrável. E Toda a Igreja e a sua missão é agora abalada por este escândalo. Isto dá-nos o sentido da nossa responsabilidade coletiva na edificação da Igreja. Uma vida de santidade santifica a Igreja inteira, uma vida de pecado ensombra toda a Igreja. Somos o Corpo de Cristo e cada um é um membro deste Corpo.
Na quarta-feira ouvimos a narrativa do dilúvio e como Noé foi salvo das águas para constituir um povo novo. Esta chaga foi um grande dilúvio de dimensões bíblicas na vida da Igreja do nosso tempo. Se daqui surgir uma Igreja renovada a trilhar caminhos de santidade, será um mal do qual Deus tirará um grande bem, como Ele sempre fez.
A santidade é a única via para que a Igreja ressurja no mundo como uma luz de esperança.
Continuamos com o Sermão da Montanha. Há três domingos seguidos que o vimos a escutar e a tentar adentrar-nos no fundamental da mensagem de Jesus. Jesus convida-nos, de passo a passo, a subir mais alto e a ir mais além no caminho do amor, porque o limite do amor é a desmesura.
Jesus está a dirigir-se aos seus discípulos, os destinatários de todo o sermão da montanha, e ensina-lhes esse caminho, terminando a dizer-lhes: «sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito». A perfeição de que Jesus fala não é uma perfeição moral, estoica, sem erro; é a perfeição da caridade que é outro nome da santidade.
Começámos há pouco, na Unidade pastoral, um pequeno grupo de formação de discípulos e o que pretendemos é aprender os passos que todo discípulo de Jesus é chamado a fazer, o caminho da santidade. Esta não é uma subida íngreme de um perfeccionismo humano reservado a uma elite, que não geraria mais do que orgulho espiritual. Não. A santidade é o dom que Deus nos dá de podermos mergulhar toda a nossa vida, com as nossas fragilidades e misérias, no seu mistério de amor, na sua força divina, através da oração, da escuta da Sua palavra, tentando imitar o Seu viver. Quanto mais Deus habitar em nós e nós n’Ele, mais seremos capazes de O seguir e de o imitar naquelas palavras tão belas que Ele hoje nos dirige: A quem for violento convosco não pagueis na mesma moeda, mas respondei com humildade. Sede mansos e humildes de coração como o vosso mestre. Amai os vossos inimigos como Ele amou. Não vos agarreis aos mínimos da lei, ao que foi dito aos antigos, mas ide até à imensidão sem fim do amor que tudo purifica e cura.
Quarta-feira é dia de darmos início à Quaresma com a imposição das cinzas. Seria bom que todos nós sentíssemos o desejo de uma vida renascida das cinzas do pecado para uma vida nova marcada pelo mergulho no amor de Deus, para viver em santidade segundo a proposta que Ele nos faz.