Vinde, Senhor, e salvai-nos.
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Naquele tempo, João Baptista ouviu falar, na prisão, das obras de Cristo e mandou-Lhe dizer pelos discípulos: «És Tu Aquele que há-de vir, ou devemos esperar outro?». Jesus respondeu-lhes: «Ide contar a João o que vedes e ouvis: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e a Boa Nova é anunciada aos pobres. E bem-aventurado aquele que não encontrar em Mim motivo de escândalo». Quando os mensageiros partiram, Jesus começou a falar de João às multidões: «Que fostes ver ao deserto? Uma cana agitada pelo vento? Então que fostes ver? Um homem vestido com roupas delicadas? Mas aqueles que usam roupas delicadas encontram-se nos palácios dos reis. Que fostes ver então? Um profeta? Sim – Eu vo-lo digo – e mais que profeta. É dele que está escrito: ‘Vou enviar à tua frente o meu mensageiro, para te preparar o caminho’. Em verdade vos digo: Entre os filhos de mulher, não apareceu ninguém maior do que João Baptista. Mas o menor no reino dos Céus é maior do que ele».
EVANGELHO ( Mt 11, 2-11 )
Há um cântico de alegria que percorre as várias leituras da Liturgia do Advento. Começámos este tempo com o convite do profeta Isaías «Vinde, subamos ao monte do Senhor», como quem diz: «Vamos ao seu encontro», pois Ele tem a iniciativa de vir até nós. Nós respondemos com o Salmo 121: «Vamos com alegria para a casa do Senhor»
Nesse primeiro domingo começaram a tocar os primeiros acordes que vão fazer a composição da sinfonia da alegria que todo o advento cantará.
Hoje esses acordes de alegria atingem as tonalidades mais fortes do tempo do Advento amplificando-se e transbordando no cântico de Isaías da primeira leitura: «Alegrem-se o deserto e o descampado, rejubile e floresça a planície árida! «Os resgatados (do cativeiro) regressarão com brados de alegria, com eterna felicidade a iluminar-lhes o rosto. Reinarão o prazer e o contentamento, e acabarão a dor e os gemidos.» Is 35, 1-10).
Essa alegria atingirá o seu ponto mais alto na noite de Natal. «Anuncio-vos uma grande alegria. Nasceu-vos hoje, em Belém um salvador que é Cristo Senhor.»
Não será exagerado este convite a transbordar de alegria? Não será demasiado delicado falar de alegria no meio de uma guerra devastadora que tem como consequência lágrimas de dor, morte, revolta, fome, frio, inflação, empobrecimento de muitos? Depois, a nível pessoal, quantos não sentem a angústia de um membro da família que está doente, de um amigo que faleceu e tantas outras situações de sofrimento físico e psicológico. As próprias notícias que vamos ouvindo nos media sobre escândalos de alguns membros da Igreja também não serão contrastantes com este convite à alegria?
Mas de que alegria falam as leituras? Não é certamente de uma alegria superficial e efémera. É o convite a uma alegria batizada no sofrimento e haurida no mais profundo de nós mesmos onde, escavando e descendo, podemos descobrir uma fonte a que podemos chamar PAZ ou, se quisermos, a verdadeira alegria. A esta profundidade, paz e alegria, são a mesma coisa. São um dom de Deus e não uma conquista nossa. Vem d’Ele. É Ele que a oferece como resultado da sua presença em nós.
O advento fala-nos da alegria de Maria que ouve o Anjo dizer-lhe: «Alegra-te!»
A alegria de João Baptista que exulta ao ouvir a voz de Jesus, o esposo que vem.
A alegria do próprio Jesus que vem para que tenhamos a alegria, a sua alegria, em plenitude.
Esta alegria anunciada por tantos profetas como Isaías, Sofonias e tantos outros diz-nos que é a alegria de uma Presença, a presença de Deus connosco e em nós.
O anjo diz a Maria «O Senhor está contigo»
Esta alegria…é …ALGUÉM, é DEUS que nos quer encher da Sua alegria.
Sim, esta é uma Boa Notícia, é o Evangelho da alegria que todos os discípulos de Cristo são chamados a viver e a testemunhar. Cristo veio para nos encher da Sua alegria que permanece e não é passageira. No entanto esta alegria não a podemos experimentar separados d’Ele, porque consiste na sua presença no mais profundo de nós mesmos. Ora isto exige um verdadeiro combate que temos de aceitar viver. Não podemos recusar a luta contra o pecado, contra a morte em nós. Trata-se de aprender a viver unidos a Jesus e fazer da oração uma constante da nossa vida, ainda que os tempos a ela dedicados sejam os possíveis.
Irmãos e irmãs, eis o nosso combate de advento, mas que se prolonga durante todo o ano. Trata-se de viver este acolhimento no mais profundo de nós mesmos, onde aceitamos ou rejeitamos o próprio Deus que, sem cessar, nos bate à porta para entrar em nós.
Às vezes duvidamos se estamos no bom caminho porque não vemos os resultados como esperávamos. S. Paulo, na segunda leitura, diz-nos para termos paciência, aprendendo a esperar o cumprimento das promessas de Deus. Mas às vezes dá-nos vontade de desistir, de deixar de acreditar e de confiar. João Baptista, na prisão, foi assaltado pela dúvida acerca de Jesus. Afinal seria Ele o Messias ou não? Ele era tão estranho em relação à ideia que João tinha de como deveria ser o Messias! Imagino a angústia que o deve ter assaltado. Tinha renunciado a tanta coisa e vivido toda a sua vida em função d’Ele, para preparar o povo para o acolher. Agora está na prisão por causa d’Ele, será que tenha sido tudo em vão? A dúvida é uma tentação demoníaca que pode pôr tudo a perder. João Baptista mandou emissários a Jesus para lhe perguntarem: «És tu aquele que está para vir ou devemos esperar outro?» A resposta que Jesus deu deve ter trazido uma grande paz a João.: «Ide contar a João os sinais que vedes. «Os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem…» Se olharmos para a primeira leitura, do profeta Isaías, vemos que são exatamente esses sinais que o Messias realizaria: Pois eles aí estão: João Baptista pode morrer em paz pois a sua vida não foi em vão.
Todos nós temos momentos de dúvida ao longo da vida e ela fragiliza-nos, pondo-nos mais ao alcance do inimigo. Ficamos como a presa que coxeia na floresta. É essa que o leão escolhe para atacar pois é a mais indefesa.
Nos momentos de dúvida façamos como João Batista. Falemos dela, não nos fechemos, digamos a Deus a nossa própria dúvida e aumentemos a oração em vez de a diminuir. Faz parte da caminhada para a luz a passagem pelos túneis sombrios. Se soubermos esperar a luz brilhará de novo.
Pergunta para reflexão:
1.Experimento habitualmente a alegria da presença do Senhor em mim? Sinto-a mesmo quando vivo dificuldades e a alegria exterior desaparece? O que me pode impedir viver a alegria que vem do Senhor?
- Tenho experimentado as dúvidas em relação á fé? Se sim, o que faço nessa altura para as ultrapassar?
1 comentário
Maria Amelia MouraPublicado em8:35 pm - Dez 11, 2022
Quando passo dificuldades e privações mais me uno a Cristo que e médico e medicamento.Cura e remedio para as nossas feridas e problemas.