A pobre viúva de que nos fala o Evangelho deu tudo o que possuía num grande ato de amor a Deus. A evangelização é um ato de amor por cada pessoa que Deus ama. O evangelizador aproximou-se da fornalha ardente do coração de Deus, percebeu quanto Ele ama e quer salvar cada pessoa e encheu-se de zelo por aqueles que Deus ama. No livro de Isaías, Deus pergunta: «Quem enviarei eu? Quem irá por mim?» E Isaías responde: «Eis-me aqui, podeis enviar-me.» E aí começa a vocação de profeta de Isaías. Para cada um de nós começará também, quando percebermos, por dentro, que Deus amou tanto o mundo que lhe deu o seu Filho unigénito e que o que Ele mais quer é que “todos se salvem e cheguem ao conhecimento da Verdade que é Jesus”.
Desçamos mais ao concreto para responder à questão: Como posso evangelizar? O que devo fazer?
Já dissemos que precisamos de gerar uma cultura missionária de convite. Por onde começar?
1. Decidir-se a ser mais intencionalmente evangelizador.
Quando tomamos essa decisão interior, vamos estar mais atentos às ocasiões em que podemos falar de Deus, convidar e dar testemunho.
2. Apoiar a Evangelização com a Oração de Intercessão.
Ao oferecer um caminho para o encontro pessoal com Cristo e para o crescimento de discípulos, como mostrámos na semana passada, e para que esse caminho seja fecundo, cada passo e iniciativa pode ser sustentada, na paróquia, pela oração de intercessão, ou seja, trazendo à oração todos aqueles que não conhecem Cristo ou são chamados a conhecê-lo mais profundamente.
Antes de começar o Alpha, sustentar os convites com oração. Durante os 3 meses que dura o percurso, orar pelos que o frequentam para que se encontrem com Jesus e caminhem na Igreja. A evangelização é obra do Espírito Santo, da qual nós somos apenas colaboradores e, por isso, a oração é essencial. Na Unidade Pastoral, temos a graça da adoração permanente que já chegou a ser todos os dias da semana e também de noite, mas que a pandemia obrigou a parar. Mas ainda continuamos com dois dias completos por semana em cada paróquia. Devemos colocar diante de Deus todas as ações evangelizadoras da comunidade: Alpha, Células, catequese de adultos e infantil, jovens, adolescentes, e tudo o mais. Esta semana houve retiro com animadores jovens do ASJ e outro com os jovens que vão fazer o crisma. Era importante que a comunidade orasse pelos bons frutos destes acontecimentos. Por isso é que colocamos na folha as iniciativas que se fazem, para que sejam rezadas.
Atualmente, estão a funcionar na Unidade pastoral 4 percursos Alpha: dois de adultos, um de jovens e outro de adolescentes. Estes percursos envolvem um total de cerca de 200 pessoas. É muita gente!!! Por isso precisamos tanto da oração de todos!
Quando se tornar normal os paroquianos rezarem quotidianamente pelos bons frutos do trabalho de evangelização na paróquia, significa que a cultura da evangelização está a crescer na comunidade e, com ela, a cultura de convite, de acolhimento e hospitalidade.
3. Tudo o que se faz na paróquia deve ser intencionalmente evangelizador.
Para que uma paróquia se torne missionária, é necessário que a evangelização seja algo intencional em tudo o que se faz e que se torne cultural. Quando for algo que entrou nos nossos hábitos, as pessoas vão achar normal convidar, acolher bem, e perceberão que a missão da Igreja é isso mesmo: evangelizar. Este é aliás o sonho do Papa Francisco para a Igreja: “Sonho com uma opção missionária capaz de transformar tudo, para que (…) toda a estrutura eclesial se torne um canal proporcionado mais à evangelização do mundo actual que à auto-preservação. A reforma das estruturas, que a conversão pastoral exige, só se pode entender neste sentido: fazer com que todas elas se tornem mais missionárias, que a pastoral ordinária em todas as suas instâncias seja mais comunicativa e aberta, que coloque os agentes pastorais em atitude constante de «saída» e, assim, favoreça a resposta positiva de todos aqueles a quem Jesus oferece a sua amizade. “ (nº 27 da EG)
Algo que pode ajudar a crescer nesta cultura é ter com alguma frequência testemunhos nas missas dominicais de pessoas que possam partilhar a sua história de como encontraram Jesus na paróquia e o impacto que isso teve na vida delas. Isso ajudará a perceber a importância de sermos evangelizadores.
Fomos criados para conhecer, amar e servir a Deus, e a evangelização é que nos ajuda a viver a missão de Jesus Cristo. A evangelização não é um programa ou um processo, queremos que se torne uma cultura, algo que se torna normal no nosso viver. Não queremos criar membros da paróquia, desejamos criar discípulos de Cristo vivendo em Igreja.
4. Ter ferramentas adequadas que ajudem a criar cultura evangelizadora.
Para isso, a melhor ferramenta que conhecemos é o Alpha. Existem outros bons instrumentos por aí de evangelização, mas este tem um impacto enorme, dá muitos frutos e é uma das ferramentas de evangelização mais bem sucedida em todo o mundo. O Alpha feito como algo contínuo na paróquia, ajudará a evangelização a tornar-se cultura na comunidade, como ajudou noutras. Convidando os participantes a convidarem os seus amigos, gera uma cultura de convite.
Quais os ingredientes que fazem com que o Alpha seja tão apreciado pelos participantes?
-O acolhimento incondicional: cada um é acolhido como é, como pensa e como vive.
-A dimensão fraterna (nomeadamente graças às mesas): os que experimentaram Alpha, puderam maravilhar-se com a qualidade das relações entre os participantes.
-O crescimento espiritual até a um encontro com Deus (no fim de semana sobre o Espírito Santo, a meio do percurso).
Pensemos um pouco: se quisermos convidar uma pessoa bem longe da igreja para ter um primeiro contacto com cristãos, a missa não é seguramente o tipo de ambiente que melhor servirá para pessoas não iniciadas. A missa foi pensada para gente que já é cristã, e por isso é que hoje temos missas de funerais onde as pessoas não sabem como hão de estar, não sabem responder e – imagino – deve ser um sacrifício.
Por isso é que o Alpha é um ótimo ambiente para todos os que não se sentem muito à vontade nas coisas mais misteriosas da fé. As pessoas, hoje, estão mais interessadas em construir amizades, em fazer perguntas, em poderem exprimir o que sentem e, por isso, abertas à ideia de conectar-se a um grupo de amigos onde sintam que a sua opinião conta e que são aceites sem julgamentos. Só depois de se sentirem em casa, e de terem podido ver por si o que querem e de questionar o que não entendem é que poderão dar o passo da fé. Na Igreja católica, estamos habituados à missa e à catequese e é para onde costumamos convidar as pessoas, pois é o que temos e não porque seja a melhor opção no início. Ora, o Alpha é um processo inicial antes da decisão de fé, uma espécie de átrio antes de entrar no Santuário, para onde podemos convidar os que andam à procura, mas que não querem dar um passo na fé antes de se sentirem confortáveis com isso.
5. Fazer da missa uma festa de beleza.
Se a Eucaristia não é certamente o primeiro ambiente para onde convidar as pessoas não iniciadas na fé e não habituadas a irem á igreja, não devemos, porém, perder o foco e o propósito de formar discípulos-missionários e, não temos discípulos formados enquanto a Eucaristia não for a fonte e o cume da sua vida de fé. Por isso, uma comunidade que quer ser evangelizadora de modo intencional faz da missa dominical uma festa de acolhimento, de comunhão, de alegria e de beleza. É o único momento na semana em que a generalidade dos membros da comunidade se reúne. E essa assembleia eucarística é o rosto da comunidade cristã. Se ela acolhe os que chegam com sorriso nos lábios e alegria no coração, dizemos-lhe que são bem-vindos e que temos muita alegria em que estejam connosco. Se cantamos com entusiasmo e participamos com emoção, damos um testemunho de fé aos que chegam e nos observam. A música e o canto têm aqui uma importância extraordinária. Vários estilos são possíveis, desde que seja boa música, bem cantada, e que ajude a rezar, entrando no mistério que se celebra. Temos já dado bons passos no acolhimento à entrada e nas despedidas à saída, na beleza da música que se canta e na participação dos fiéis, mas ainda temos muito para melhorar – pelo menos nalgumas missas dominicais.