A terra inteira aclame o Senhor.
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“EVANGELHO (Jo 14, 15-21)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Se Me amardes, guardareis os meus mandamentos. E Eu pedirei ao Pai, que vos dará outro Paráclito, para estar sempre convosco: Ele é o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não O vê nem O conhece, mas que vós conheceis, porque habita convosco e está em vós. Não vos deixarei órfãos: voltarei para junto de vós. Daqui a pouco o mundo já não Me verá, mas vós ver-Me-eis, porque Eu vivo e vós vivereis. Nesse dia reconhecereis que Eu estou no Pai e que vós estais em Mim e Eu em vós. Se alguém aceita os meus mandamentos e os cumpre, esse realmente Me ama. E quem Me ama será amado por meu Pai e Eu amá-lo-ei e manifestar-Me-ei a ele»”
REFLEXÃO
“As leituras deste Domingo vão-nos preparando para desejar acolher o dom do Espírito pois, como nos é dito na primeira leitura, há muitos cristãos que só foram batizados no Senhor Jesus, e outros que nunca assumiram sequer o batismo que receberam, através de um ato de fé consciente.
Os Apóstolos Pedro e João são enviados a Samaria para ajudar na pregação de Filipe e aquilo que os motiva fundamentalmente é que os Samaritanos conheçam pessoalmente o Senhor Jesus, através da experiência íntima e admirável do Espírito Santo. Para isso oravam por eles, impondo-lhes as mãos. E eles recebiam o Espírito Santo. Esta afirmação não é apenas um acreditar doutrinal, é também uma experiência sentida. O Espírito Santo, quando é acolhido na fé, não nos deixa na mesma como antes, faz-nos sentir os seus frutos. A grande motivação da evangelização deve ser que os que ouvem a palavra de Deus aceitem o Senhor Jesus como seu Senhor e recebam o Espírito Santo. É isto que constitui o nosso novo nascimento em Cristo e que é a primeira parte da visão da paróquia de S. José: «Nascemos do encontro pessoal com Cristo…» (no Espírito Santo). Sem esta experiência fundamental, falta algo essencial à fé cristã que ficou a meio do caminho. Essa é a razão pela qual Pedro e João completam a evangelização já começada por Filipe, transmitindo o dom do Espírito Santo.
O Evangelho esclarece-nos ainda mais sobre a importância de fazer experimentar a Pessoa do Espírito Santo. Estamos na quinta-feira santa, depois do lava pés. Jesus conversa longamente com os seus discípulos, pela última vez, antes da sua morte. Ele fala-lhes do seu Pai e da relação que os une; fala também da relação que doravante une Jesus aos discípulos e os discípulos a Jesus, e n’Ele ao Pai. Uma relação que nada nem ninguém pode destruir. “Eu estou no Pai e vós estais em Mim e Eu em vós”. E acrescenta: «Aquele que me ama será amado por meu Pai.» E depois, no momento em que se prepara para os deixar, anuncia-lhes a vinda do Espírito Santo. Como bons judeus que eram, conheciam bem toda a longa promessa e espera do Espírito Santo que atravessa todo o Antigo Testamento. Desde Moisés que deseja que o Espírito venha sobre todo o povo e todos pudessem ser profetas (Nm 11,29), passando por Ezequiel em que Deus promete um coração novo e um espírito novo (Ez 36,26-27), e muitas outras passagens, vamo-nos aproximando do profeta Joel que profetiza o dia eminente em que o Espírito virá sobre todos sem exceção. Os apóstolos estavam mergulhados nesta esperança. Eles sabiam que o Espírito viria para todos os que acreditassem no nome do Senhor. Qual então o significado das palavras de Jesus que ouvimos hoje? “Ele é o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não O vê nem O conhece.” Porque é que o mundo o não pode receber? Será isto uma restrição? Um dom só para alguns? Não. Isso já passou. A promessa agora é para todos os que o quiserem receber. Por isso acrescenta: “Mas que vós conheceis, porque habita convosco e está em vós.” E isto é, declaradamente, um envio em missão. É uma forma de lhes dizer: O mundo não conhece o Espírito da verdade, mas é muito importante que O conheça para a sua salvação e alegria. Compete-vos a vós dar-lho a conhecer. É vossa missão fazer com que o mundo descubra a presença ativa do Espírito em todo mundo e proporcionar a todos a admirável graça de serem cheios do Espírito Santo. Jesus quer fortificar os seus discípulos e ajudá-los a crer que o contágio do amor ganhará pouco a pouco; e que lhes é possível transformar o espírito do mundo, que não conhece a Deus, em espírito de amor. De certa forma, a missão que lhes confia, é a de uma evangelização por “contaminação”, de um a um; R1 ou melhor ainda se for R2, na linguagem que hoje infelizmente conhecemos. Missão impossível? Não; pois Jesus lhes diz: “E Eu pedirei ao Pai, que vos dará outro Paráclito, (que quer dizer advogado, defensor) para estar sempre convosco”: Mas de quem o Paráclito nos deve defender? De que processo ou acusação falamos? Daquele que o mundo faz aos discípulos e, através deles, ao próprio Pai e a Cristo; no fim de contas, à verdade. O cristianismo cresceu muito depressa nos primeiros 3 séculos por contágio não só de pessoa-a-pessoa, o tal R1, mas de uma pessoa a contagiar pelo amor duas ou mais. Imaginemos que cada um de nós trabalhava para contagiar pelo amor a Deus uma pessoa… transformaríamos o mundo pelo amor. Pedro diz-nos na segunda leitura. «Estai sempre prontos a responder, a quem quer que seja, sobre a razão da vossa esperança.» Que o Seu Espírito nos inquiete de tal forma que sintamos em nós o ardor de que falava Paulo: «Ai de mim se não evangelizar»
Vinde Espírito Santo, enchei o coração dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.“