O Messias vem para todos
Quando lemos o principezinho de Antoine de Saint Exupéry percebemos facilmente que o autor nos conta algo muito mais profundo do que uma história que parece infantil mas não é.
A narrativa de S. Mateus da visita dos Magos não se entenderá na sua profundidade se ficarmos só na história simpática de uns magos, de uma estrela e da oferta de ouro, incenso e mirra ao Menino no presépio. Os Magos procuram alguém a quem dão o título de “rei dos judeus”. É este mesmo título que Pôncio Pilatos mandará colocar na cruz de Jesus no Calvário. S. João, mencionando que esta inscrição estava em três línguas, quer dizer-nos que aquele que está na cruz se oferece por todos e não só por um povo. A primeira leitura de hoje, do profeta Isaías, afirma bem que não se trata só de uma salvação para um povo específico, mas que diz respeito a todos os povos. Os magos são pagãos que procuram sinceramente a verdade.
No texto de hoje, os pagãos não se contentam em ver. Eles caminham para a luz que se deixa ver por eles. E são multidões. E não só de amigos, mas também multidões de países inimigos como Madiã e Efá contra quem Israel guerreou várias vezes. Os magos aproximam-se da luz do Verbo de Deus sem serem filhos de Israel.
A primeira leitura do domingo passado reenvia-nos para um grande clarão de luz que ilumina todas as trevas da terra: “Resplandece, Jerusalém, porque chegou a tua luz e brilha sobre ti a glória do Senhor. Vê como a noite cobre a terra, e a escuridão os povos. Mas sobre ti levanta-Se o Senhor, e a sua glória te ilumina.”
O Natal é a festa da Luz, pois Ele veio para tirar os povos da escuridão da noite. Também o evangelho nos fala da luz, numa estrela que vai iluminar o caminho dos Magos. E eles deixam-se iluminar por esta luz e seguem-na.
Pe Jorge Santos