Como sois formosa, ó Maria, Imaculada, Mãe do Senhor

Como sois formosa, ó Maria, Imaculada, Mãe do Senhor

Já todos fizemos um dia a experiência de sermos atraídos com o nosso olhar para algo que era muito belo; uma pintura, uma bela paisagem verdejante, uma escultura ou outra coisa bela. Ficámos com aquela beleza na memória, mas, algum tempo mais tarde, voltámos a passar e deparámo-nos, incrédulos, com a pintura destruída, ou com a paisagem verdejante ardida e onde agora só se vêm cinzas.
Antes de experimentarmos um sentimento compreensível de cólera, apodera-se de nós uma grande tristeza, uma incompreensão profunda. Porque é que aquilo que era tão belo, inocente, pôde ser destruído? Este sentimento pode dar-nos uma pequeníssima e muito longínqua ideia dos sentimentos que habitaram o coração de Deus, nosso pai, depois do primeiro pecado original de Adão e Eva. É toda a criação, gerada na inocência, na beleza e na graça, que foi manchada, destruída pelo pecado. “Adão, onde estás, o que fizeste e porquê?” Cada vez que o ser humano se desvia de Deus, seu verdadeiro bem, coloca um abismo entre ele e o único que o pode salvar. Mas Deus não se resigna com a morte do homem e com a sua infelicidade. Recria um plano salvador para nos resgatar da situação perdida. Em Conselho divino, a Trindade decide a salvação do homem na plenitude dos tempos. Para isso, o Verbo descerá dos céus e assumirá a nossa condição humana. E o Espírito Santo terá a missão de preparar uma Mulher para acolher o Verbo e enchê-la de graça desde a sua conceção.
O texto do Génesis já faz referência a esta mulher nova que esmagará a cabeça da serpente. Como diz uma antífona deste dia: “Por Eva foi fechada aos homens a porta do céu e a todos foi de novo aberta por Maria.”

“Tendo entrado o anjo onde Maria estava disse-lhe: «Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo».” Celebrando a Imaculada Conceição da Virgem Maria, celebramos a vitória do amor de Deus. A obra da salvação humana, desejada por Deus desde sempre, realiza-se através de Jesus, com a colaboração estreita duma pessoa da nossa humanidade chamada Maria. Deus tomou a iniciativa. É Ele que, de modo inesperado, irrompe em casa da jovem donzela de Nazaré, por Ele escolhida, através do anjo Gabriel. Maria, a primeira das criaturas a ser salva por Jesus, abre um Caminho novo que conduz à porta do Reino. Desde a sua conceição Imaculada, Maria é inteiramente objeto da misericórdia divina, é cheia de graça. Deus preparou para si uma morada digna d’Ele: “Avé, cheia de graça”. Maria, por seu lado, fica espantada diante desta inesperada visita e anúncio. Ela pressente um mistério que a ultrapassa completamente, e por isso perturba-se interiormente. É a perturbação que cada um de nós sente quando nos encontramos diante do mistério divino. Esta perturbação é temor e, ao mesmo tempo, fascínio. Fascínio diante daquele que pode cumular o nosso desejo profundo, e temor nascido do respeito reverente diante daquele que nos ultrapassa infinitamente. Maria pergunta ao anjo: «Como será isso se eu não conheço homem?»
E o anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra».
“O Espírito Santo virá sobre ti”. O anjo revela a Maria o mistério escondido em Deus, o seu desígnio de amor. Cheia de graça, maravilhada pela realização das promessas feitas ao seu povo, Maria permanece livre. Esta liberdade do Amor divino não cessa de criar um mundo novo naqueles que se oferecem a Ele. A Virgem Maria, em nome de todos nós, dá o seu «sim»: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra.» Deus estava em suspenso à espera da resposta de Maria. Logo que ela o disse, um mundo novo começou: “O Verbo fez-se carne no seio da virgem Maria e veio habitar entre nós.” Contemplando o que aconteceu à Virgem Maria, nós contemplamos o que Jesus realiza na sua Igreja.

Este mistério que é agora revelado, será celebrado no Natal.

Bendita seja a Virgem Maria!

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