Folha Paroquial nº 73 *Ano II* 14.04.2019 — DOMINGO DE RAMOS

Folha Paroquial nº 73 *Ano II* 14.04.2019 — DOMINGO DE RAMOS

«Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?»

A folha pode ser descarregada aqui.

«EVANGELHO (Lc 23, 1-49)»

MEDITAÇÃO
Meditemos o eterno amor de Deus que se revelou na paixão
e morte de seu Filho
A ressurreição de Jesus vai manifestar de uma forma luminosa quem era aquele homem, Jesus de Nazaré, que tinha passado fazendo bem e falado como nunca alguém jamais falara, tocando tantos corações e reacendo-lhes a esperança. Ressuscitando-o dos mortos, Deus testemunha que Aquele é o seu Messias, o seu eleito, o seu Filho amado. Mas se assim é porque é que Ele permitiu que fosse morto daquela maneira tão humilhante e dolorosa? Não esqueçamos que a morte na cruz era dada apenas aos criminosos, aos bandidos, e que um romano não podia ser crucificado, só os estrangeiros. Para a mentalidade judia alguém que recebesse tal castigo era um abandonado pelo próprio Deus, alguém de quem Deus também tinha desistido. Por isso Jesus grita na cruz: «Meu Deus, meu Deus porque me abandonaste?» Não foi fácil para as comunidades cristãs dos primeiros tempos compreenderem o sentido da morte de Jesus na cruz e falar dela. Paulo, que tentou por outras vias anunciar Cristo sem falar da cruz, conclui, depois do seu insucesso no areópago de Atenas, que «doravante falará de Cristo crucificado escândalo para os judeus e loucura para os gentios, mas para os que creem é poder e sabedoria de Deus». Foi um trabalho de releitura grandioso à luz do Espírito e do acontecimento da ressurreição. No relato dos discípulos de Emaús, S. Lucas apresenta-nos já essa releitura que o próprio Jesus ressuscitado ajuda os apóstolos a fazerem. «Ó homens sem inteligência e lentos de espírito, para acreditar em tudo o que os profetas anunciaram! Não tinha o Messias de sofrer tudo isso para entrar na sua glória? Depois, começando por Moisés e passando pelos profetas, explicou-lhes em todas as escrituras o que lhe dizia respeito.» (Lc 24, 13-35). O profeta Isaías e sobretudo a bela narrativa do servo de Yavé que ouviremos na sexta feira santa ajudaram a Igreja nascente a entender o desígnio de salvação de Deus. «Ele suportou as nossas enfermidades e tomou sobre si as nossas dores. Mas nós víamos nele um homem castigado, ferido por Deus e humilhado. Ele foi trespassado por causa das nossas culpas e esmagado por causa das nossas iniquidades. Caiu sobre Ele o castigo que nos salva: Pelas suas chagas fomos curados.» Nos Atos dos Apóstolos o eunuco etíope, alto funcionário da rainha de Candace, vai a ler a passagem do profeta Isaías que fala da morte do justo, como cordeiro levado ao matadouro, mas não entende nada daquilo que lê. Então, o apóstolo Filipe aproxima-se do seu carro e, convidado a subir, fala-lhe de Jesus a partir daquela passagem do Antigo Testamento. Anuncia-lhe o Kerigma, o anúncio fundamental da fé que leva à salvação. Jesus, a sua morte e ressurreição, é a chave interpretativa de toda a Sagrada Escritura pois toda ela aponta para Jesus.
Sigamos Jesus na sua paixão e morte na cruz e deixemo-nos tocar por Ele e pela luz que dela irradia. Nós estamos todos lá, nessa paixão e nesse julgamento.

«Sábado
O sábado santo é um dia de silêncio e oração. O rei dorme aguardando em esperança o dia novo da ressurreição. Neste dia, como no anterior, não há eucaristia nem outros sacramentos. Só pode haver o da unção dos doentes. Mas não é um dia sem alimento. A Igreja nutre-se da liturgia das horas e da Palavra de Deus.»

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