Folha Paroquial – V Domingo da Quaresma

Folha Paroquial – V Domingo da Quaresma

“Aprendei a conhecer o Senhor.”

A folha pode ser descarregada em: V Domingo da Quaresma

«Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica só; mas se morrer, dará muito fruto.»

1º: A Hora de Jesus é a hora da Sua glorificação, a hora das núpcias do Cordeiro.
O caminho quaresmal é um itinerário de conversão em que nos vamos aproximando da Hora de Jesus, isto é, do momento da Sua glorificação pela morte e ressurreição. Essa hora foi muitas vezes anunciada e esperada com ardor por Jesus: Como Ele disse a Maria, Sua mãe logo no princípio da Sua vida pública nas bodas de Caná: «Mulher, que tenho eu a ver com isso? Ainda não chegou a minha hora.» Ele estava nuns esponsais onde muda a água em vinho, mas esse casamento apontava para Aquela hora em que Ele, na cruz, realizaria a Nova Aliança no Seu sangue, as núpcias do Cordeiro. Agora é chegada essa hora em que o Filho do homem vai ser glorificado sendo como o grão de trigo que morre para dar fruto abundante. Por isso, é preciso que Ele dê a vida, que Ele passe por Aquela hora, para que a Igreja nasça e se multiplique pelo mundo levando a Boa Nova da Salvação. Como Ele dirá no Seu discurso de despedida: «Convém‐vos que Eu vá (isto é, que eu morra) porque se eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas se eu for, eu enviál’O‐ei» ( Jo 16,7). O Paráclito, dom de Cristo glorificado pela morte e ressurreição, é o que vai permitir o grande fruto da vida de Jesus nos crentes e que a Igreja se multiplique.
2º Somos convidados a participar da Sua hora e, como Ele, a sermos grão de trigo que aceita morrer para dar fruto.
O Caminho quaresmal, aproximando‐nos da hora de Jesus, convida‐no também a sermos participantes na Sua morte e ressurreição. Jesus diz claramente: “Se alguém Me quiser servir, que Me siga, e onde Eu estiver, ali estará também o meu servo. E se alguém Me servir, meu Pai o honrará.» Seguir e servir Jesus, ou seja, ser Seu discípulo, é participar do Seu destino, da Sua hora. É não procurar a cruz, como Jesus não a procurou, mas aceitá‐la em oferenda de amor, unindo‐se a Jesus. É dar a vida por amor, pois quem dá a vida recebe‐a e quem a ama, no sentido de não a querer dar para viver para si, esse perde‐a.
3º Aceitar as mediações para o encontro com Jesus.
Consequentemente, deve haver no discípulo um profundo desejo de conhecer a Cristo e de se identificar e configurar com Ele, naquilo que é o Seu pensamento, a Sua doutrina e a Sua vida. Por isso, acho tão belo o pedido dos gregos que foram a Jerusalém nos dias da festa da Páscoa e que disseram a Filipe: «Nós queríamos ver Jesus». Que belo pedido! Também nós devemos desejar conhecê‐l’O mais e melhor, porque nunca O conhecemos suficientemente. Conhecer a Sua Palavra, meditar na Sua vida, para nos configurarmos com o Seu carácter. E quem nos poderá ajudar a encontrá‐l’O e a conhecê‐l’O melhor? Toca‐nos humildade destes «buscadores do rosto de Deus» ao aceitarem as mediações para esse encontro. Não foram diretamente a Jesus mas, talvez por se sentirem indignos, aceitaram passar por Filipe que o foi dizer a André e, depois, ambos foram então ter com Jesus. Quanta dificuldade hoje as pessoas têm em aceitar as mediações do encontro com Deus. Gostariam de ter acesso direto. Mas nesta terra a experiência do encontro com Deus é sempre mediada. Só na eternidade veremos a Deus tal como Ele é, face a face. Mas o encontro com Deus não é menos real através dos meios que Jesus nos deixou para O encontramos. São eles a Igreja, os Sacramentos, a Palavra da Escritura, os irmãos e, podemos dizer, a ação invisível do Espírito Santo nos nossos corações.
Também a resposta de Jesus ao desejo dos gregos de O encontrarem não foi direta. Aqueles gregos representam todos os pagãos do mundo inteiro que anseiam pela verdade do Evangelho. Jesus responde a esse desejo formando os Seus discípulos, levando‐os a fazer a experiência fundamental cristã, de participar na Sua morte e ressurreição, de aprender a ser trigo que morre para se multiplicar, para depois serem eles a levar a Boa notícia aos pagãos, representados nos gregos. Estes vão encontrar‐se com Jesus através do anúncio da Igreja. Nenhum de nós recebeu o Evangelho diretamente de Jesus. Se hoje acreditamos em Cristo morto e ressuscitado, foi porque a Igreja no‐l’O anunciou. Quem não aceitar a Igreja, os Sacramentos ou a Palavra de Deus, dificilmente poderá chegar à fé cristã e ao encontro com Deus vivo.
E hoje há muitas pessoas a dizer: “Para ser crente não preciso da Igreja, não preciso dos sacramentos, não preciso sequer de nenhuma religião instituída. Faço ligação direta.” Pode‐se porventura ficar com um sentido de transcendência, mas não um encontro vivo com Aquele que esteve morto e nos comunicou a Sua vida imortal. Deus permita que esta quaresma nos ajude a uma maior identificação com Cristo, aprendendo a viver, oferecendo‐nos em união com a oferta do Senhor. A Eucaristia, onde Jesus sempre renova o sacrifício da Sua cruz e nos torna participantes d’Ele, é sempre uma bela oportunidade para Lhe oferecermos com amor os nossos trabalhos, as nossas tristezas e doenças, as nossas alegrias e dores.

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