Louvai o Senhor, que salva os corações atribulados.
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O texto do evangelho de hoje mostra-nos um dia da atividade messiânica de Jesus. Começa, pela manhã, em casa da sogra de Pedro que está com febre e prostrada na cama. Jesus aproxima-se, – Jesus sempre se faz próximo – tomou-a pela mão, (a força do gesto) e levantou-a, como fez à menina de 12 anos que estava já morta e a quem disse: “Talitha kum, menina levanta-te.” Curada por Jesus, a sogra de Pedro pode começar a servi-los. O discípulo de Cristo serve como expressão da sua fé e do seu ser de discípulo. Quem experimentou o poder do amor de Jesus que sendo de condição divina se fez servo, obediente até à morte e morte de cruz, só pode fazer da sua vida um serviço. Jesus foi o servo da humanidade que lhe lavou os pés e que disse: “Aquele que quiser ser meu discípulo, será como o filho do Homem que não veio para ser servido mas para servir e dar a vida”. Cristão que não esteja disponível para servir com amor e humildade, pode acreditar em Jesus, mas ainda não é seu seguidor. Pelo menos falta-lhe este grande pilar do discípulo, o serviço aos outros, nomeadamente à comunidade.
“Ao cair da tarde, já depois do sol posto”- Começámos de manhã e já vamos no final do dia – trouxeram-lhe todos os doentes da cidade que ficaram reunidos junto da porta. A pobre casa de Simão nunca terá visto tanta gente, se bem que é preciso pensar que cidade era um ajuntamento relativamente pequeno, como sabemos hoje. Cafarnaum não devia ter mais de 250 pessoas.
Jesus cura os doentes que lhe trazem, ensina e expulsa os demónios. Jesus não cura só por curar, mas aproveita para ensinar, para formar, para levar à conversão. Outro pilar importante da vida do discípulo é a formação, deixar-se ensinar pela Palavra de Deus, procurar solidificar a sua fé para se enraizar em Cristo e na sua doutrina.
Entretanto vem a noite e o descanso. O texto continua: « De manhã muito cedo, levantou-se e saiu. Para onde? “ Retirou-Se para um sítio ermo e aí começou a orar”. Outro dado da atividade de Jesus. Um grande tempo do seu dia é dedicado à oração. Os evangelhos mostram-nos Jesus a rezar longamente, de manhãzinha, à tarde, ao cair do sol, pela noite dentro. Todas as horas servem para Jesus se retirar para estar a sós com o Pai. Outro pilar da vida do discípulo a dar uma importância capital é a vida de oração onde nos abrimos à graça salvadora de Deus.
Sem oração vivemos exclusivamente das nossas forças naturais e não vamos longe, mas pela oração e pela frequência dos sacramentos acolhemos em nós a vida divina, a vida do Espírito que nos fortalece, nos anima, nos cura e nos ajuda a viver as virtude teologais de fé, esperança e caridade. Mas como acontece a quem está na vida ativa, muitas vezes o orante é interrompido pelo grito dos que estão impacientes para serem ajudados. Desta vez são os discípulos que interrompem a oração de Jesus para Lhe dizerem: “Todos Te procuram.”
Como que a quererem dizer-Lhe: «Como consegues estar aqui na calma e na paz quando tanta gente clama por ti?» E a resposta de Jesus pode confundir-nos. Quando tantos O procuram, Ele diz aos discípulos: “Vamos a outros lugares, às povoações vizinhas afim de pregar aí também”. Jesus não se deixa levar pelo sucesso, que é uma armadilha. Isso tinha sido a tentação do demónio no deserto à qual Jesus resistiu. As pessoas curadas, falavam d’Ele e a sua fama espalhou-se à volta e agora todos queriam vê-l’O. Mas já tinham os sinais suficientes para acreditarem n’Ele e se converterem. Jesus não é um curandeiro ou um milagreiro. Ele veio chamar os homens à conversão apresentando-lhes os sinais do Reino, mas não satisfaz a curiosidade de quem procura ver o maravilhoso. «Vamos, pois para outras aldeias para aí pregar pois foi para isso que Eu vim.»
O que Jesus procura é levar os homens à conversão da vida pelo anúncio do Evangelho, para que eles se abram a Deus e sejam salvos. Este é outro pilar da vida do discípulo, a evangelização que leva à fé.
Assim, no texto de hoje vemos Jesus que evangeliza, curando e ensinando, que reza, que serve e leva outros a servir. Que tempo damos à oração na nossa vida? Encontramos alegria e disponibilidade para o serviço com humildade e amor? Que tempo dedicamos a aprofundar a nossa fé, deixando-nos ensinar pela palavra de Deus e participando em encontros de formação espiritual e doutrinal? Vivemos o zelo pela missão que Jesus nos confiou de ir e ser testemunha d’ Ele?