Folha paroquial – Domingo I Advento – 3 Dez

Folha paroquial – Domingo I Advento – 3 Dez

A folha pode ser descarregada aqui

Introdução | A Lectio Divina

Lectio Divina: Diversos grupos de cristãos em todo o mundo, e também na nossa Diocese, preparam-se para a Eucaristia dominical com encontros sobre as leituras da Bíblia previstas na liturgia, reunindo-se seja em espaços paroquiais, seja em casas particulares. Põem em prática uma lectio divina comunitária que, através da leitura, e da oração dos textos bíblicos, os ajuda a uma participação mais profunda e autêntica na Eucaristia do Domingo. Mas muitos procuram realizá-la individualmente, tendo experimentado também a sua fecundidade espiritual e tendo descoberto que a frequência assídua adas Escrituras, por meio de uma leitura crente, ajuda o movimento de conhecimento do Senhor e de conversão do coração. A experiência mostra que, pelo menos no princípio, até que o método esteja bem assimilado, a lectio comunitária é mais proveitosa porque se pode aproveitar a riqueza da partilha de todos mas individualmente também é boa.

O importante é que a Palavra de Deus seja luz para a nossa vida e que o texto antigo brilhe e ilumine a nossa vida atual pela ação do Espírito Santo. E essa é a função da homilia que o padre faz na missa e que faz pate integrante da mesma. É a própria Escritura que sugere a estrutura da homilia, como se vê pelas palavras da homilia de Jesus feita na sinagoga de Nazaré, que dá seguimento à leitura do profeta Isaías: «Hoje cumpriu-se esta Escritura que acabais de ouvir»

A função do pregador não é tanto fazer uma homilia bonita e simpática, também o pode ser, mas que ajude a assembleia a tornar aquela Palavra viva para a sua realidade de hoje. Confesso que não é uma tarefa fácil e que pede muito tempo de oração, de preparação e de conhecimento “das angústias e esperanças, alegrias e tristezas que a comunidade vive.”

Vigiai e estai preparados

Depois desta introdução entremos então nos textos do 1º Domingo do Advento. Eles falam-nos de vigilância e de estarmos despertos para a vinda do Senhor. A vigilância é uma recomendação constante de Jesus nos Evangelhos a lembrar-nos a sua importância. Todos sabemos por experiência que o tempo dos inícios é o tempo da descoberta, do entusiasmo, do desejo de darmos tudo, mas que com o tempo arrefecemos  correndo sérios riscos de perdermos a graça da fé e já não sermos capazes de reconhecer o Senhor que vem ao nosso encontro de tantas formas e não Lhe abrirmos a porta do nosso coração, pois Ele diz. « Eu estou á tua porta e bato, se alguém ouvir e abrir eu entrarei e cearei com Ele.”

As comunidades cristãs do princípio, pensando que a vinda escatológica do Senhor estava iminente, viviam uma vida de grande fé e entrega com grande entusiasmo que ia até ao martírio. Mas, com o passar do tempo, vão percebendo que a segunda vinda do Senhor não é para já e, entram num certo arrefecimento do entusiasmo: A isso faz referência o livro do Apocalipse nas cartas às sete Igrejas. “Conheço as tuas obras, as tuas fadigas e a tua constância. (…) tens constância, sofreste por causa de mim e não perdeste a coragem. No entanto, tenho uma coisa contra ti: abandonaste o teu primitivo amor. Lembra-te, pois, donde caíste, arrepende-te e torna a proceder como ao princípio.» (Ap 2, 1-4)

Um dos prefácios da missa do advento diz de forma bela a fé da Igreja sobre a vinda do Senhor «Vós nos escondestes o dia e a hora em que Jesus Cristo, Vosso Filho, Senhor e juiz da história, aparecerá sobre as nuvens do céu revestido de poder e majestade. Nesse dia tremendo e glorioso, passará o mundo presente e aparecerão os novos céus e a nova terra.

Agora, Ele vem ao nosso encontro, em cada homem e em cada tempo, para que O recebemos na fé e na caridade e demos testemunho da gloriosa esperança do seu reino.”

O sentinela vigilante é aquele que não adormece e não deixa cair as defesas. Está atento ao inimigo que pode chegar a qualquer momento e assaltar a cidade.

Mas está atento também à chegada do Senhor para, na alegria, lhe abrir a porta logo que Ele entrar. Para nós vigiar é não deixar arrefecer a fé, a esperança e a caridade. É não abandonar o primeiro amor. É ser fiel ao serviço do Senhor e dos irmãos, trabalhando para que o mundo se transforme em reino de Deus onde habita a paz e a justiça.

Seguindo a reflexão da Lectio Divina da Diocese podemos perguntar-nos: O que significa para nós, hoje, vigiar, estar preparados? Para efetivar a atitude da vigilância, a palavra de Jesus pode constituir uma preciosa ajuda. Ele diz, em várias circunstâncias, no Evangelho: “Vigiai e estai alerta!”, “Vigiai e estai preparados!”, “Vigiai e orai“. Estar alerta, significa estar concentrados. Concentrados no objetivo principal da vida: a vida eterna. A minha vida está concentrada na vida eterna?

Estar preparados, significa ter, como o porteiro, olhos para ver quando o dono da casa regressa, a fim de lhe abrir logo a porta. Que devo fazer para saber entender os sinais do “Senhor que vem?”

A oração é o conteúdo principal da vigilância. Recolher-se em intimidade com o Senhor, significa, em certos momentos, impor silêncio a tudo e a todos para deixar entrar o hóspede divino em nossa casa.

Sei fazer isso? Sei rezar?

Desejo a todos um santo Advento. Para deixarmos que Cristo nasça em nós precisamos de O acolher como Palavra no nosso coração como Maria, pois Ele é a Palavra que se fez carne.

 

Pai, dai-nos sabedoria para Vos reconhecer;
desejo de Vos procurar;
paciência para Vos esperar;
um coração para Vos contemplar,
e uma vida para Vos anunciar
pelo poder do Espírito
de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ámen.
(Santo Ambrósio de Milão)

 

Deixar uma resposta

A não perder nos próximos dias:

Slide Anything shortcode error: A valid ID has not been provided