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«Não podemos ser bons cristãos sem ir à missa ao Domingo? O mais importante não é praticar o bem», esta é uma pergunta frequentemente feita pelos ditos «católicos não praticantes». A pergunta pode colocar-se de outra forma: podemos ser bons filhos e bons membros de uma família se nunca respondemos ao convite que os pais nos fazem, em dias de festa, de virmos comer um almoço com eles e os outros irmãos? A dinâmica do evangelho de hoje passa-se entre estes dois verbos, «Vinde às bodas», e «ide pelas encruzilhadas dos caminhos». Estes dois verbos dizem o mistério da Igreja e da vocação e missão a que todos os batizados são chamados. A Igreja é comunhão para a missão. Somos chamados a estar com o Senhor a saborear a sua bondade a experimentar quanto Ele nos ama e nos quer ver felizes. Somos chamados também a amar-nos no Senhor como Ele nos amou, a colocarmo-nos ao serviço uns dos outros, a ser uma comunidade de afetos e de relações onde ninguém é anónimo e onde cada um em momentos difíceis da vida sabe que pode contar com a comunidade.
O banquete faustoso com vinhos apetitosos, vivido em sã alegria e comunhão, é uma imagem da felicidade que Deus deseja dar-nos e que começa já aqui, quando o acolhemos nas nossas vidas. Jesus, no evangelho de S. João, começa o seu ministério messiânico num banquete de casamento onde tem de haver festa e júbilo porque o noivo está com eles. A água convertida em vinho bom e abundante torna-se a alegria de todos os comensais do casamento de Caná. Jesus foi chamado glutão e amigo de beber porque entrava em casa de todos os que o convidavam e comia com eles alegremente. A mesa é o lugar da unidade, da comunhão, da paz e da alegria, e estes são sinais duradouros do mundo novo que Deus nos reserva no reino que há de vir. «Naqueles dias o Senhor Deus enxugará as lágrimas de todas as faces»; «os que semearam em lágrimas recolhem com alegria.»
A Eucaristia é, nesta terra, a melhor expressão e o melhor anúncio desse banquete de núpcias do Reino para o qual todos somos convidados. São Paulo diz que ela é «penhor» da glória futura. Ela é uma antecipação, uma profecia e promessa desse banquete eterno. São Paulo disse-o «todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste vinho, celebramos a morte do Senhor até que Ele venha» (1 Cor 11, 26). Se todos percebêssemos o valor que Jesus deu à Eucaristia, a Ceia que nos deixou em Testamento, na hora da sua paixão, como fruto do seu amor e da sua entrega, não recusaríamos, tão facilmente, o convite com desculpas banais do «não tenho tempo». Felizes os convidados para as bodas do Cordeiro.
ORAÇÃO
Senhor nosso Deus, louvamos-te pelos teus desígnios de paz e felicidade para cada um de nós. Tu queres dar-nos tudo aquilo que o nosso coração, no mais profundo de si mesmo anseia. Nós ansiamos por um tempo onde os homens vivam como irmãos, onde não haja dor, sofrimento e lágrimas. Onde uns não passem fome, enquanto outros malbaratam escandalosamente dinheiro em coisas inúteis. Ansiamos por um mundo onde não haja mais guerras, divisões e injustiças. Como dizia Santa Teresinha do Menino Jesus, Tu não porias tão grandes desejos no nosso coração se não os pudesses cumular. Por isso, temos a certeza que se realizará a tua promessa descrita na primeira leitura de hoje. Até lá, somos convidados a trabalhar para, aos poucos, transformarmos a história, para vivermos num mundo que avance, cada dia, para mais próximo dessa realidade que nunca conseguiremos construir, totalmente, só com o nosso esforço. A Eucaristia celebrada em cada Domingo lembra-nos que Tu estás no centro da história, como Alpha e Ómega, princípio e fim de todas as coisas, fazendo o mundo caminhar para a sua plenitude. Obrigado por esse dom admirável que é a Tua presença na Eucaristia. Senhor, que a nossa comunidade paroquial, reunida no amor, à volta da Ceia que nos deixaste, seja um sinal, para os de dentro e para os de fora, dessa unidade que desejas para toda a humanidade. Faz ressoar mais alto o teu convite para que os batizados venham sentar-se à tua mesa e comer o pão da unidade. Amen.