No dia 18 de maio, organizado pela equipa de pastoral familiar da paróquia, realizou-se na Igreja de São João Baptista uma conferência sobre o tema da eutanásia a cargo do Professor Henrique Vilaça Ramos. Como se pretendia, a sessão motivou o debate, após uma excelente conferência. São de destacar quatro pontos: em primeiro lugar, que se trata de um tema difícil. Fazendo parte do grupo das chamadas causas fraturantes, a eutanásia é dos temas que mais impressionam a sensibilidade das pessoas, porque normalmente pedem a eutanásia pessoas que sofrem. Em segundo lugar, há a destacar o profundo desconhecimento do que está em causa nas propostas de legalização da eutanásia já conhecidas. Em terceiro lugar, há a referir o facto de o espaço mediático estar dominado pelas posições de quem defende a legalização da eutanásia. Em quarto lugar, há a referir a necessidade de os católicos procurarem ter uma posição discernida sobre a matéria.
Começou o Professor Vilaça Ramos por referir a sua posição contrária à eutanásia, mas num contexto de profundo respeito por quem tem posições contrárias à sua. Sendo um dever moral de todos responder às necessidades das pessoas em sofrimento, que significa a eutanásia e que alternativas existem à eutanásia?
Assistimos a uma palestra muito informativa, serena e lúcida. É próprio de uma democracia que haja debates sérios sobre todas as questões. Independentemente do que venha a acontecer nesta matéria, é dever da sociedade portuguesa, e dos católicos em particular, participar neste debate com bons argumentos que possam ser compreendidos por todas as pessoas honestas e de boa vontade.
É de registar que a sessão foi muito concorrida e participada (mais de 100 pessoas, de várias paróquias!). De notar ainda, pelas intervenções do público, que quem está aberto à procura do bem do seu semelhante, é exigente na procura da verdade. A verdadeira compaixão é exigente, determinada pelo bem do irmão. Não há dúvidas de que a eutanásia encerra muitos perigos e, paradoxalmente, possibilidades de negócio imorais. É aceitável que as companhias de seguros excluam dos seguros de saúde a cobertura de gastos (por serem elevados) com doenças incuráveis e cubram as despesas com a morte por eutanásia? É aceitável a presunção de que as pessoas com mais de 70 anos possam recorrer naturalmente à eutanásia como forma de pôr termo à vida? É aceitável que se possa colocar nas mãos de terceiros juízos sobre a admissibilidade da prática da eutanásia em relação a incapazes ou com doença mental? (São casos reais). Como explicar que a legalização da eutanásia, nos países onde ocorreu, tenha aumentado tanto o número de candidatos à eutanásia? Será aceitável que a nossa rede de cuidados paliativos continue a ser fraquíssima?
Para onde caminhamos como pessoas e sociedade?
É importante que pensemos sobre estas questões e não tenhamos medo de falar livremente. É tempo de a Igreja e cada católico, em particular, como cidadão de pleno direito, assumam esse compromisso com a sociedade democrática, porque existe sempre o risco de esta se tornar antidemocrática.
João Caetano