Estive em Milão, em Novembro, a participar no Fórum de Coordenadores Nacionais das Células de Evangelização. Foi uma bela experiência ver como o evangelho cresce e ilumina a vida de tanta gente.
Eu creio que o sistema das Células Paroquiais de Evangelização são uma grande via do futuro da igreja. Já o grande teólogo Karl Rahner, num livro que escreveu em 1973, dizia: «A Igreja existirá somente renovando-se através da livre decisão de fé e da formação comunitária do indivíduo no meio de uma sociedade secular não mergulhada no cristianismo». Ele referia-se às comunidades base, mas trata-se do mesmo fenómeno de pequenas comunidades que vivem a fé de uma forma dinâmica e capilar, transformando a sociedade pelo seu testemunho. O Documento de Aparecida no Brasil faz esta escolha para o futuro e parte da experiência já muito avançada na América latina. Pequenos grupos que vivam a fé e a testemunhem. É voltar à igreja das origens em que os cristãos se reuniam nas casas uns dos outros para viver e partilhar a fé, e se encontravam no templo para orar.
Partilho convosco o sonho de uma paróquia toda a viver em pequenas células onde se alimenta da palavra de Deus, da oração e da partilha fraterna, em que cada membro se esforça por evangelizar os que encontra no seu caminho e para servir os seus irmãos. Depois, ao Domingo, todos esses grupos se reúnem juntos para celebrar a Eucaristia. Imaginem a festa que seria o encontro de cristãos que vivem esta realidade!!! E é possível… porque já vemos os primeiros frutos…
Porquê o nome de célula? Porque está inscrita na nossa natureza biológica. Todos começamos por ser uma única célula que se multiplica em milhões e faz crescer todo o corpo. As células começam por ser um primeiro grupo que depois cresce e se multiplica em vários, para o crescimento do corpo eclesial que é a paróquia.
O Papa, em Setembro do ano passado, quis reunir as células de evangelização e, embora não pudessem todos corresponder à chamada, estivemos cerca de 10.000 pessoas e foi uma experiência maravilhosa.
Quando falo de uma paróquia em células, não significa que todos tenham de viver este estilo de grupo que é as células, mas crescer num grupo pequeno; uns chamam-se CVX, outros equipas de casais, outros grupos de Lectio Divina… O que têm de ter em comum é o facto de terem uma dimensão familiar, onde todos possam crescer na intimidade com Deus através da oração, crescer na experiência de comunhão fraterna, aprofundar a fé em grupo, servir e evangelizar.
Rezemos para que a paróquia possa dar este contributo à Igreja Diocesana de rasgar novos caminhos de futuro. Porque somos uma paróquia nova e sem tradições paralisantes, temos o dever de mostrar que é possível a igreja renovar-se e encontrar novas formas e novas estruturas para responder aos desafios do nosso tempo.
Pe Jorge Siva Santos