Folha Paroquial 15.05.2022 — DOMINGO V DA PÁSCOA

Folha Paroquial 15.05.2022 — DOMINGO V DA PÁSCOA

Louvarei para sempre o vosso nome, Senhor, meu Deus e meu Rei.

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EVANGELHO ( Jo 13, 31-33a.34-35 )
Quando Judas saiu do Cenáculo, disse Jesus aos seus discípulos: «Agora foi glorificado o Filho do homem e Deus foi glorificado n’Ele. Se Deus foi glorificado n’Ele, Deus também O glorificará em Si mesmo e glorificá-l’O-á sem demora. Meus filhos, é por pouco tempo que ainda estou convosco. Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros. Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros».

 

MEDITAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS

A glória de Deus
A glória de Deus é um termo que aparece sumamente repetido ao longo de toda a Bíblia. Podemos dizer que a glória de Deus é o seu resplendor, a irradiação fulgurante do seu ser divino. Moisés pede a Deus: Mostra-me a tua glória ( Ex 33,18) . E Deus passou com todo o seu esplendor. No Sinai, a glória assumia o aspeto de um fogo devorador no cimo da montanha. Por se lhe ter aproximado, Moisés volta com o seu rosto todo resplandecente de luz, de tal forma que os Israelitas evitavam aproximar-se dele. Então Moisés depois de estar com Deus cobria o rosto com um véu para estar com o seu povo. Depois de construído o santuário com a arca da aliança, a glória de Deus repousa sobre o santuário (( Ex 29,43)

Em Cristo reside toda a plenitude da glória divina. O Filho é o resplendor da glória de Deus” “Heb 1,3). A partir dele, ela irradia sobre os homens, pois, como diz Paulo, “nós todos, com o rosto descoberto, refletimos a glória do Senhor, somos transfigurados na sua própria imagem, de glória em glória, pelo Senhor que é Espírito” (2 Cor 18). A glória de Jesus manifesta-se em toda a sua vida desde o seu nascimento, mas manifestará toda a sua força explosiva no momento da ressurreição. Durante toda a sua peregrinação terrestre, Jesus era habitado pela Glória, ainda que estivesse como que enterrada na profundidade do seu ser. O que foi a Transfiguração senão uma explosão desta Glória que o habitava, rasgando toda a Pessoa de Cristo e tornando todo o seu corpo resplandecente de luz divina? Mas a sua glória vai ser afrontada pelas trevas e pelo pecado. A paixão de Jesus vai ser a hora da glorificação maior de Jesus. Esta é a hora derradeira. «Agora foi glorificado o Filho do homem, e Deus será glorificado n’Ele.»

Como é que o Filho é glorificado na paixão e na cruz e o Pai é glorificado n’Ele? Convém dizer que a gloria de Cristo na cruz, não se assemelha à glória visível contemplada por Moisés na sarça ardente e em todas as manifestações visíveis e sensíveis da sua Glória. Na Cruz é a glória do amor misericordioso, infinitamente ferido pelo endurecimento do coração humano: Como disse S. Tomás: «Os estigmas do Cordeiro, aumentam a beleza do Corpo de Cristo na medida em que são feridas de amor, refletindo assim a ferida infinita do Amor misericordioso, de que elas são o fruto e o sinal. Assim a glória do Deus três vezes Santo como que se concentrou em Jesus trespassado e revelou-se como Amor misericordioso e mansidão infinita. O Crucificado é a manifestação de um amor infinito que nos toca e nos atrai. Do seu corpo esmagado, brota uma beleza que salva o mundo. A glória de Deus revela-se mais nesse amor que se entrega do que nas teofanias grandiosas do Sinai. A Cruz é a maior manifestação da glória da Santíssima Trindade.

A Glória em nós
Àqueles que entram em contacto com Ele pelo batismo, Cristo dá-lhes o dom de serem habitados pela mesma glória que o fez ressurgir da morte e destrói também em nós o homem velho marcado pelo pecado. Nós fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte, para que assim como Cristo ressuscitou dos mortos, pela Glória do Pai, nós vivamos também uma vida nova. “

O cristão não tem habitualmente consciência de que é habitado por esta glória, mas desde o seu batismo, um gérmen da glória foi introduzido no fundo do seu coração. Durante anos pode estar nele em estado de incubação. No entanto, logo que o crente se põe a rezar, a comungar, a amar os seus irmãos e sobretudo a caminhar na humildade e a aceitar a Cruz, é como que ameaçado pela explosão da Glória na sua vida. Cada vez que comungamos, a Glória invade um pouco o nosso ser.

O mandamento Novo:
Quem é discípulo de Jesus e participa na sua glória imita-o no amor aos irmãos. Nós recebemos na Ceia da despedida o Mandamento Novo. Este mandamento é para os discípulos que seguem Jesus, que se alimentam da Eucaristia e são chamados a serem e a viverem como irmãos na fé. Jesus diz claramente: «Nisto conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros.» E quando somos geradores de divisão, semeadores de discórdias, lançadores escondidos de maledicência acerca deste e daquele? Não vivemos como discípulos, apesar das aparências. Em todas as paróquias onde irmãos trabalham e servem juntos é normal que surjam discordâncias, conflitos e exasperações. Às vezes passa-se da linha vermelha e chega-se ao desrespeito do outro causando feridas que levam tempo a sarar e pode afastar os mais frágeis na fé. Muitas vezes os párocos são chamados a porem água na fervura e nem sempre é fácil discernir de que lado está a razão, pois cada um tem a sua visão das coisas. No entanto esta é uma passagem obrigatória para quem quer crescer no verdadeiro amor fraterno. Aprender a amar o outro não porque ele ou ela me são simpáticos e afáveis e pensam como eu, mas amá-lo porque é meu irmão na fé, ama a Deus como eu e quer servir também o Evangelho. Se para fugir ao conflito me vou embora e deixo o meu grupo onde sirvo, é porque não me quis dar ao trabalho de me purificar aprendendo a amar e perco uma oportunidade de crescimento. Viver sozinho é mais fácil, mas não frutifica no amor. Porém os irmãos em conflito devem crescer no amor e na humildade. Não vale a pena querermos evangelizar se com a nossa conduta afastamos mais de Deus do que aproximamos. Que o seu amor em nós nos ensine a viver o mandamento novo.”

 

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